terça-feira, 12 de junho de 2012

Racismo: Quando a vítima é uma criança...




Um dia desses, eu estava acessando a uma rede social quando alguém atualizou o status com a seguinte conclusão: “Finalmente, uma novela dedicada à família: Carrossel!”.
Na minha visão, nesta “novelinha” não há nenhuma dedicação à família, ela fere a dignidade humana, exalta a discriminação, o preconceito racial (étnico) e demonstra a condição do negro estigmatizado à um status inferior.
Dentre outras histórias, Carrossel retrata o drama do Cirilo, um menino pobre e negro, que se apaixona por Maria Joaquina uma colega de classe, rica  de pele clara e arrogante. Ela humilha, despreza e  ridiculariza o menino, por se achar superior a ele.
A novela foi um grande sucesso no ano de 1989. Eu era uma menina com 7 anos de idade, pobre e negra. E sofria junto com o Cirilo. Na escola, os meninos negros eram chamados de “Cirilo”, os meninos gordos de “Jaime Palilo”  e as meninas gordas de“Laura”, também personagens da referida novela. Sem dúvidas, Carrossel é uma novela dedicada à familia! Mas, a uma família que não zela pela autoestima de suas crianças.
A novela voltou à tela do SBT, em uma versão brasileira. A adaptação de Carrossel, assinada por Iris Abravanel, aborda o racismo da mesma maneira que a original mexicana. Íris afirma que não irá se intimidar com a crítica do “politicamente correto”. O preconceito vai existir e será forte como na versão original. É uma forma de lidarmos com a verdade e dos pais dialogarem com os filhos sobre o assunto- acrescenta.
A nova versão de Carrossel não cria oportunidade para a comunidade repensar seus conceitos, pré-conceitos e atitudes, não promove o debate e ressalta o racismo de forma negativa, por que não oferece uma troca para equilibrar a situação, mas explora a figura de uma criança negra passiva, resignada, hostilizada e que aceita tudo em favor de um sentimento inocente e puro.

“Um país que almeja valorizar a criança e a empenha-se na sua formação, manifesta a decisão de construir uma sociedade justa, solidária e capaz de vencer discriminações, violência e exploração da pessoa humana”. (Sonia Arede)

UNICEF lista dez maneiras de contribuir para uma infância sem racismo em: http://www.unicef.org/brazil/pt/multimedia_19297.htm

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Se a novela Carrossel fosse realmente dedicado à família deveria agir da seguinte maneira: Nenhuma criança do folhetim deveria ser tratada com insultos preconceituosos. Não deveríamos aceitar cenas onde uma criança negra é humilhada por uma criança branca. A criança em casa vai entender aquilo como algo normal e irá reproduzir a ação com o colega de escola.
    Infelizmente, essas novelas são formadoras de opinião. Mostrar Cirilo e Maria Joaquina como amigos independente da cor de pele e condição social seria o melhor caminho...

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